Os Sertões do Leste
No início do século XIX, a região que compreende as bacias dos rios Pardo, Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e Rio Doce, era conhecida como os Sertões do Leste. Esta região, coberta pela Mata Atlântica, foi palco de uma guerra genocida (Chamada de "Guerra Justa" pelos colonizadores, principalmente entre 1808-1830) contra os mais de 50 povos indígenas que aqui habitavam.
Muitos foram forçados a se submeter aos militares e colonos como serviçais e trabalhadores braçais nos desmatamentos e abertura de estradas, ou passaram por um intenso processo de mestiçagem, que originou a população atual.
Os sobreviventes se refugiaram nas matas, no longo processo de resistência que dura até hoje. Os Krenak e Maxakali são marcos dessa resistência, cercados pelas pastagens das bacias dos rios Doce e Mucuri. Com sua luta e o resgate de sua história por inúmeros parceiros, os Aranã, Kaxixó e Mocurin ganharam visibilidade a partir dos anos 80. Outros povos também vítimas de conflitos fundiários migraram para Minas Gerais: Pataxó, Tuxá, Xukuru, Pankararu. Além disso, durante a Ditadura Militar foram criados presídios indígenas, alvos de denúncias da Comissão da Verdade. Em 2015, a ação de grandes mineradoras ainda destruiu a bacia do Rio Doce.
O Vale do Jequitinhonha durante muito tempo ficou à mercê dos desmandos dos coronéis e seus descendentes. A concentração das terras, na medida em que os povos iam sendo exterminados, fez surgir os grandes latifúndios, hoje tomados por pastagens, e a atividade de mineração iniciada naquela época hoje dá continuidade ao processo de apagamento de sociobiodiversidade, de vidas, de memórias. Mas uma história de destruição também é uma história de resistência...
Esta região foi empobrecida por um passado de depredação e pela criação de um discurso que buscou destruir a natureza e estigmatizar sua população, cuja história de resistência foi praticamente apagada dos livros e da memória.
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